30.10.06

Descobrir Manuel Figueira (e outras divagações).

Lembro-me que no dia em que telefonei a uma pessoa próxima a dizer que tinha um blog a primeira frase que ouvi foi “isso é uma responsabilidade!” e quando indaguei a razão respondeu “não podes fazer um blog durante uns tempos e depois abandona-lo… tens que estar sempre a pôr coisas novas!”. Para rematar, alguns dias depois, mandou-me um email, á laia de incentivo onde pude ler “… e não descambes para esses blogs auto louvor (…) povoadas de fantasmas. Se puderes acrescentar algo que dê para formar/informar aos visitantes despertarás muito interesse.” De Maio a esta parte houve dias e às vezes semanas em que não tive vontade de escrever mas, surpresa agradável, temas nunca faltaram. Tenho aprendido muito sobre Cabo Verde, as pessoas que fizeram estas ilhas, o lugar que ocupamos na história do ocidente devido à posição geo-estratégica etc. Tenho navegado por lugares que nunca imaginei… assuntos que puxam assuntos. Escrever e pôr em palavras o que desejo dizer tem sido um exercício de reflexão que me dá cada vez mais prazer. Isto...
... a propósito da fotografia do post anterior. Quando a "publiquei" não consegui escrever um comentario. Esta tarde pus-me a pensar numa frase que tinha lido num quadro de Manuel Figueira há muito tempo. O quadro esteve exposto no Café Lisboa… que dizia? Era uma interrogação meio perturbadora e em tudo semelhante à que eu lia no "olhar da menina do Maio". Daria uma boa legenda para a imagem (da qual eu perdi o link - as minhas desculpas ao fotógrafo). Já tinha até escrito algo e em em baixo a observação “inspirado na frase de um quadro de Manuel Figueira” quando resolvo procurar dados sobre o pintor para pôr como link. Encontrei um site com informações sobre o percurso de Manuel Figueira, encontrarei o tal quadro (!!) e muitos outros. Descubram vocês também... mais não teclo (mesmo porque este deve ser o texto mais doido que já postei).

27.10.06

A interrogação...

...no olhar de uma menina da Ilha do Maio.

21.10.06

Operação Felix e o Bisavô Alexandre

“Operação Félix” foi o nome dado à directiva dirigida aos oficiais de topo do Führer e na qual estavam delineadas as orientações para a invasão e conquista do Estreito de Gibraltar e, consequentemente, a tomada das ilhas Canárias e Cabo Verde. Datada de 12 de Novembro de 1940, contudo nunca foi concretizada, em parte porque Espanha se recusou a juntar ao Áxis (aliança formada pela Alemanha Nazi, Itália Fascista, Império do Japão). Na altura, a Espanha saía de uma terrível guerra civil (1936-39), estando o país devastado e muitas cidades transformadas em ruínas. Lendo a Directiva nº 18 compreendemos a importância geo-estratégica das ilhas atlânticas para os Ingleses e a Alemanha. No documento assinado pelo próprio Hitler, os seus oficiais são informados que “medidas politicas foram tomadas para persuadir a Espanha a entrar rapidamente na guerra (…) sendo o objectivo principal da intervenção da Alemanha na Península Ibérica (nome de código Félix) correr com os ingleses do Mediterrâneo Ocidental.” (tradução livre). Os planos para a invasão de Gibraltar são traçados (batalhas navais, campais e aéreas) e com o sucesso da operação, dá as seguintes indicações: “As ilhas Atlânticas (particularmente as Canárias e Cabo Verde) ganharão, com o resultado da operação Gibraltar, uma importância acrescida para a boa performance dos Ingleses no mar e também para as nossas operações navais. Os Altos Comandantes da Marinha e da “Luftwaffe” (aviação) deverão estudar, como defesa das Canárias a Espanha e como as ilhas de Cabo Verde poderão ser ocupadas. (…) Por motivos de segurança, medidas especiais devem ser tomadas para limitar o acesso do número de pessoas trabalhando nestes planos. Isso aplica-se particularmente (…) aos planos relacionados com as ilhas atlânticas.” (tradução livre). Assina Adolf Hitler.
...
Não me vou por a adivinhar o que poderia ter sido e se seríamos diferentes hoje, caso a ocupação se tivesse concretizado, nada disso… Vou somente pensar no meu Bisavô Alexandre, um descendente de indianos (segundo a família) nascido em São Nicolau e que em Maio de 1918, já na ilha do Fogo, teima em chamar o filho primogénito de Lindorff, apesar deste ter sido registado Carlos (o armistício é assinado somente a 11 de Novembro de 1918). Dois anos depois, quando é pai de uma menina, Ana, trata-a carinhosamente por Iguetth. Os “nominhas” ficaram para a vida e o meu bisavô nunca se livrou da fama de Germanófilo… Só não sei se com a II Guerra terá continuado a pensar da mesma maneira.

16.10.06

Zorro em Cabo Verde... a caminho da América!

Acabei de ler o livro Zorro, o Começo da Lenda, onde Isabel Allende, a autora, lhe “fabrica” um passado extraordinário, explicando de onde e como surge o herói. É uma obra de ficção, que tem como pano de fundo o que aconteceu no mundo (América e Europa) entre 1790 e 1815. Para os amantes da escritora, de história e fãs incondicionais de Zorro (a raposa) e suas aventuras, recomendo. Agora, que me desculpem pirataria, mas não resisti a copiar um pouco da pagina 310 do livro… é a parte que toca a Cabo Verde. Passa-se em 1815 e vamos encontrar Diego de la Vega, Zorro, a caminho da América, Baja Califórnia, depois de ter passado cinco anos em Espanha, consolidando a sua educação de futuro Don.
“(…) Impulsionado pelas correntes oceânicas e pelos ditames do vento, o Madre de Dios dirigiu-se para sul bordejando Africa, passou frente às ilhas Canárias sem parar e chegou a Cabo Verde para se abastecer de agua e alimentos frescos, antes de iniciar a travessia do Atlântico, que podia durar mais três semanas, dependendo do vento. Ali souberam que Napoleão tinha fugido do seu exílio na ilha de Elba e entrara triunfalmente em França, onde as tropas, enviadas para lhe barrar o caminho até Paris, se haviam passado para o seu lado. Recuperara o poder sem disparar um único tiro, enquanto a corte do rei Luís VXIII se refugiava em Gant, e dispunha-se a reiniciar a conquista da Europa. Em Cabo Verde os viajantes foram recebidos pelas autoridades, que ofereceram um baile em honra das filhas do comandante, como as meninas De Romeu foram apresentadas. Muitos funcionários administrativos eram casados com belas mulheres africanas, altas e orgulhosas, que se apresentaram na festa vestidas com um luxo espectacular. Em comparação, Isabel assemelhava-se a um cão lãzudo e até a própria Juliana quase parecia insignificante. Essa primeira impressão mudou por completo quando Juliana, pressionada por Diego, aceitou tocar harpa. Havia uma orquestra completa, mas, mal ela feriu as cordas, fez-se um silêncio no grande salão. Um par de baladas antigas bastou-lhe para seduzir todos os presentes. Durante o resto do serão, Diego teve de se pôr em fila com os restantes cavalheiros para dançar com ela.
Pouco depois, o Madre de Dios desfraldou as velas, deixando para trás a ilha. (…)”
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Sem dúvida um CaboVerde alternativo e/ou de ficção… ou não? Vamos verificar?

9.10.06

Observação

Agora que voltei de ferias, estava aqui a admirar a fotografia do post anterior e a “matar” saudades! Interessante… só agora reparei que a imagem já é testemunho, um documento histórico. Com efeito, os antigos armazéns da EMPA (e posteriormente local onde funcionou o celebre Porão) já não existem. Hoje há Praça D. Luís… Contudo fiquei com a impressão que os Mindelenses ainda não abraçaram o novo espaço mesmo em frente á baía… Será pela falta de sombra e outras coisas mais? Para ver mais detalhes e só clicar na imagem.