31.8.07

Curtas, Ideias e Neuras

Regressei ao trabalho, silenciosamente, desde o início da semana.
Ferias na Praia em pleno mês de Agosto… calor, falta de água, falta de luz e sei lá mais o quê. Já foi tudo dito. Para contrabalançar ficou a observação do Guilherme que “Praça d’ Praia (Cruz do Papa) é más sáb! Ten baloiço, ten scorrega. Praça de Soncent ten só tanque! …e baziu”, rematou a Andreia sabiamente. Eu bem que desconfiava... eh eh!
Mudando de assunto…
Ocorreu-me que poderia contar o porquê do apelido (e do nome do blog) Amante da Rosa. É uma estória engraçada. O meu pai também me ofereceu um texto interessante sobre as memórias dele das ilhas dos Bijagós (Guiné Bissau). Falta somente formatar e acrescentar imagens. Outras ideias surgiram e apagaram-se com a mesma velocidade.
Entretanto…
Acho que todos os que têm um blog já sentiram, alguma vez, aquela vontade de deletar tudo muito pura simplesmente (e pronto e mais nada!). Desde ontem que ando assim. Motivos? Mil e um. Falta de inspiração, porque chove e a cidade está caótica, porque é tempo de despedidas, porque... porque... Tenho é uma graça muito grande de explodir no ar, assim como no poema:

"Era Verão, havia o muro.
Na praça, a única evidência
eram os pombos, o ardor
da cal. De repente
o silêncio sacudiu as crinas,
correu para o mar.
Pensei devíamos morrer assim.
Assim: explodir no ar."
Eugénio de Andrade
Obs: Fotografia daqui.

3.8.07

Harry Potter, Socrates, o Amor e a Imortalidade

Adoro a série do Harry Potter. Adoro! e mal posso esperar que me chegue às mãos o último livro, ainda que com muito tristeza, pois, oficialmente, a saga termina no sétimo número. Procurando algo sobre o livro, encontrei este texto que gostei muito e do qual destaco este trecho:
“A visão que Sócrates tem do Amor é a seguinte: considera o Amor um intermediário entre os deuses e os homens – um dáimon -, que origina no homem o desejo de ser mais que mero animal, mais que matéria. O Amor nos situa entre o mundo físico e o mundo espiritual (ou mundo das ideias, como Platão gostaria). Este dáimon, filho da Penúria e do Engenho, faz a ponte entre o mundo ideal e o mundo material, o qual Platão considera uma consolação ridícula, uma cópia mal feita do mundo das ideias puras. Para Platão, esta proximidade dos mortais para com os deuses –que nos consola a penúria da condição biológica - é alcançada através do Belo e do Bom. Quanto mais ideal, mais virtuoso for o objecto do amor de um homem, mais próximo dos deuses ele estará. E mais próximo ainda de alcançar o que todo homem almeja: felicidade (eudaimonia). O Belo, por sua vez, podemos amar numa pessoa, ou na ideia de Beleza, pura e simples. Platão prefere a última, por ser mais filosófica (e o filósofo, para Platão, nada mais é que um dáimon entre os homens, a encarnação do Amor pelo conhecimento(...). Assim, movidos pelo amor, geramos algo no Belo, utilizando o engenho que o Amor herdou de seu pai. Este engenho pode ser chamado de inspiração poética, de bravura, de inteligência, perspicácia, rapidez. O amor por trás de todos estes aprimoramentos do ser humano é o verdadeiro protagonista da série (Harry Potter). O Amor, resumindo bastante, nada mais é que o tónico que nos impele a ser imortais. Só que esta imortalidade não é construída por Horcruxes ou coisitas do género. A imortalidade socrática é a imortalidade da substituição: geramos no Belo. Filhos, poemas, leis e grandes obras, de modo a “gravar” em matéria a Beleza e a Bondade que o homem conquistou em vida. Gerar algo novo para ficar no lugar do velho (de si mesmo), que perece, vira pó. Assim, gera-se a imortalidade dos grandes poetas, dos grandes homens e mulheres.”
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Bem hajam e até daqui três semanas… vou de ferias.