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“A visão que Sócrates tem do Amor é a seguinte: considera o Amor um intermediário entre os deuses e os homens – um dáimon -, que origina no homem o desejo de ser mais que mero animal, mais que matéria. O Amor nos situa entre o mundo físico e o mundo espiritual (ou mundo das ideias, como Platão gostaria). Este dáimon, filho da Penúria e do Engenho, faz a ponte entre o mundo ideal e o mundo material, o qual Platão considera uma consolação ridícula, uma cópia mal feita do mundo das ideias puras. Para Platão, esta proximidade dos mortais para com os deuses –que nos consola a penúria da condição biológica - é alcançada através do Belo e do Bom. Quanto mais ideal, mais virtuoso for o objecto do amor de um homem, mais próximo dos deuses ele estará. E mais próximo ainda de alcançar o que todo homem almeja: felicidade (eudaimonia). O Belo, por sua vez, podemos amar numa pessoa, ou na ideia de Beleza, pura e simples. Platão prefere a última, por ser mais filosófica (e o filósofo, para Platão, nada mais é que um dáimon entre os homens, a encarnação do Amor pelo conhecimento(...). Assim, movidos pelo amor, geramos algo no Belo, utilizando o engenho que o Amor herdou de seu pai. Este engenho pode ser chamado de inspiração poética, de bravura, de inteligência, perspicácia, rapidez. O amor por trás de todos estes aprimoramentos do ser humano é o verdadeiro protagonista da série (Harry Potter). O Amor, resumindo bastante, nada mais é que o tónico que nos impele a ser imortais. Só que esta imortalidade não é construída por Horcruxes ou coisitas do género. A imortalidade socrática é a imortalidade da substituição: geramos no Belo.
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Bem hajam e até daqui três semanas… vou de ferias.