Tinha prometido "sgrôvetar" o Fogo e Santo Antão mas o tempo anda curto. Entretanto, recebi do meu pai, via email, informações interessantes sobre a hidrobase que existiu na Calheta de São Martinho - Santiago e do acidente que aconteceu com um dos hidroaviões usadas na época, o CAMS 51... Não resisti! Segue-se o despacho da Panapress de 12 de Dezembro de 2003: “(…) Os Correios de Cabo Verde (CCV) lançaram (…) uma série de quatro selos alusivos ao 75º aniversário da base francesa de hidroaviões (hidrobase) na localidade da Calheta de São Martinho, nos arredores da capital cabo-verdiana (…). A hidrobase, construída em 1927 pela Companhia Geral da Aeropostal, funcionou durante algum tempo como local onde os hidroaviões saídos da França deixavam o correio que depois era transportado por navios para a América do Sul. Nesse período, em que acolheu a base de hidroaviões, Cabo Verde assumiu um papel de destaque na aviação comercial Europa-América do Sul via África, realçado recentemente por uma investigação publicada em edição bilingue, francês e português, realizada pelo jornalista Vladimir Monteiro, da agência cabo-verdiana de notícias, Inforpress. A escolha de Cabo Verde como escala visou encurtar a distância entre a Europa e a América do Sul. Ao optar por Cabo Verde em detrimento de Dakar, no Senegal, reduzia-se a distância em 130 quilómetros. Nessa altura o correio era transportado de hidroavião de Toulouse, França, com escala em S. Louis, Senegal, e chegava à Calheta de S. Martinho, Cabo Verde, onde era colocado a bordo de um antigo barco militar francês rumo ao Recife, Brasil. Para além da hidrobase, foi também construída na localidade de Calheta de S. Martinho uma estação de rádio de grande potência, que viria a revelar-se como o "principal pilar da segurança aérea no Atlântico Sul". Mesmo depois de desactivada a hidrobase, Cabo Verde continuou a ser importante para a Aeropostal, pois "são os faróis e as balizas destas ilhas, equipados com emissores-receptores", que vão guiar as suas aeronaves na travessia do Atlântico. Os quatro selos lançados pelos CCV incluem um mapa da linha aérea da Aeropostal, imagens parciais da hidrobase, um hidroavião CAMS- 51 e a imagem do tenente Paulin Paris, o primeiro piloto a efectuar a ligação entre Saint-Louis, no Senegal, e Calheta de São Martinho. (…)”
E no fim de uma outra página... O CAMS 51: "Hydravion de reconnaissance. Premier vol en janvier 1927. 1 seul exemplaire construit. (...) Il est testé à St Raphaël en 1926. En mars 1928 il est envoyé à St Louis du Sénégal, après quelques vols sur l'Atlantique il est détruit au cours d'un décollage par gros temps à Porto Praïa. Un second appareil désigné CAMS 51 GR n° 002, non armé apparaît en 1927 motorisé par des Gnôme Rhône Jupiter de 480 ch. il bat le 18 août 1927 avec le Lt de Vaisseau Paris comme pilote, le record mondial d'altitude pour hydravion. Transféré ensuite au Sénégal il est réformé en 1933. Aucune série du 51 ne verra le jour." Resta saber se o acidente com o CAMS 51 se deu realmente na Praia ou se se trata de um engano e tudo aconteceu na Calheta de São Martinho.
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