Existem inúmeros casos de adaptação bem sucedida entre descendentes de caboverdeanos na América. De vez em quando, nas minhas navegações e “esgrovets”, descubro alguns. A história da vida de George S. Lima é um desses exemplos. Filho de Anna Morais Silva e de Manuel Duarte Lima, naturais, respectivamente, das ilhas da Boavista e de São Nicolau, vem a nascer, em 1919, já na América, em Massachusetts mais precisamente. Tem um percurso de vida extraordinario, o qual destaco aqui (e apenas) o facto de ter pertencido a uma elite de pilotos afro-americanos que participou, com distinção, na II Guerra Mundial. E porque não tenho tempo para desenvolver mais, deixo uns links sobre: o documentário (que deu origem á imagem que ilustra o post); um artigo alargado sobre a vida dele; uma pequena biografia; algumas fotografias; o site oficial dos Tuskegee Airman, ao qual pertenceu, e outras informações da Wiki. Por vossa conta fica a descoberta da faceta de "Civil Rights activist" e o empenho demonstrado, num trabalho de anos, pela boa integração da comunidade caboverdeana radicada nos Estados Unidos. Inspirador!
19.3.07
"Terra Estrangeira"
Encontrei! Este é o cartaz do filme de que falei no post anterior. Lembrava-me porque foi algo que me marcou. Escrevo de memória mas tenho a certeza que na altura, em entrevista à TNCV, alguem da equipa de rodagem (o realizador?) disse que o filme tinha sido feito muito por causa dessa imagem poderosa... o navio encalhado. Quem quiser saber mais pode ler a ficha tecnica ou uma das muitas análises que se encontram on line. Transcrevo 2 frases de uma crítica: “Um instante filosófico, repleto de poesia, paira na cena do velho navio encalhado no mar, impossibilitado de seguir ou retroceder, tal como os dois personagens que permaneceram estáticos dentro do contexto da marginalidade, numa vida reticente, envelhecida, como uma matéria bruta, ou como o velho navio enferrujado que não alcançou o seu destino.” O filme tem também "(...) imagens (que) trazem uma qualidade artística rara em filmes brasileiros, com efeitos de iluminação sofisticados, uma belíssima fotografia (…). Aliás, foi editado um livro, com fotografias tiradas directamente dos fotogramas do filme. Penso que serão 10, os anos que separam as duas imagens, a do poster (1994/5) e a da fotografia do Miguel Mealha.
Obs: Acho que saldei (um pouco) as minhas contas com a Boavista, agora falta o Maio.
16.3.07
O Santa Maria
Fotografia tirada na ilha da Boavista. Para chegar ao local "seguir para a Costa da Boa Esperança - um vasto areal que se estende até à Ponta Antónia - onde, em 1968, naufragou o cargueiro espanhol Cabo de Santa Maria (cujos destroços são lentamente devorados pelo mar)." Instruções daqui. Para sentir um pouco mais a ilha recomendo este excelente artigo. Se bem me lembro... há um filme que foi realizado por causa deste cenário. Depois confirmo os detalhes e informo. Bom Fim de Semana!
11.3.07
A chuva do dia 28 de Agosto de 2001
Caboverdeano que se preze e goste de escrever tem de "botar" algo sobre a chuva… É sina. Vem isto a propósito de me ter apanhado a pensar no que não daria por uma boa chuva, miudinha, para limpar este tempo feio di pó di terra que nos assombra faz meses. E lembrei-me de uma crónica que escrevi sobre o tema. Saiu no Terra Nova de Agosto/Setembro de 2001. Transcrevo pela "originalidade", por ser totalmente extemporâneo, porque os problemas persistem, pela ironia q.b. e porque não me estou a ver a escrever algo do tipo quando a chuva vier, se bem que... como diz a Marisa, "inda Agost câ dà!". Chamava-se…
Manhã de Azagua
Chove lá fora… a Azagua começou. Sinto-me contente até ao momento em que uma pontada de ansiedade me atinge. Santa Barbara! Este vai ser um daqueles dias. Vou estar meio perdida a conviver com pensamentos dúbios aliados aos velhos sentimentos “chuvais” que nós, cabo-verdianos, carinhosamente cultivamos e que, as vozes da comunicação social, melhor do que ninguém, dão alma.
Sintonizo, no rádio, o programa “… a voz da alma creola – directamente da cidade do planalto…”, onde mais uma revelação da nossa constelação musical canta “camponês ca bô tchora, ca bô desespera… qui um dia tchuba ta bem”. Um sentimento de medo invade-me. Começou… Eu sei que isto é maso, mas é o lado sado que vence. Questiono-me se o locutor vai ler outro texto fresco e campestre da, habitual colaboradora, Cláudia V., mas logo a seguir venho a mim, se só ontem, a crónica da passagem da Assomada a cidade foi lida, tenho ainda alguns dias de ansiosa espera.
Prosseguindo… a voz de Bius encanta, com mais um tema musical sobre chuva, quando, mentalmente, me preparo, para à noite, na televisão, ver as batidas e rebatidas imagens dos meninos brincando nas poças de agua lamacenta, correndo barquinhos, molhando os pezinhos, prontos para mais uma desinteriazinha, enquanto nós, telespectadores, assistimos, alegremente descansados, com tanta incongruenciazinha. Desta vez sim, o Mamãe Velha (...) será bem encaixado. Tenho a certeza que a TCV vais começar o Telejornal com o poema musicado. Não, não sou adivinha, é o que vem acontecendo ano após ano. (...)
Mas temos chuva. Não importa que nas encostas, todos os anos as águas corram para o mar, engolindo mais punhados de terra arável. Que nas cidades, ruas se tornem intransitáveis, casas sejam inundadas e transeuntes se façam acrobatas. Temos chuva!
Sentimo-nos aliviados. O camponês está feliz! Uma vez mais, cumprirá o ritual da monda, mesmo que, tal como anteriormente, este ano, também não adiante muito. Ritos são ritos, ad eternun! E nós pensamos, reconfortados, que até temos um bom motivo para faltar ao emprego, mas isso dura, apenas, até ao momento em que nos lembramos que as nossas empregadas também o farão. Mas relevamos, pelo menos por alguns dias, relevamos. Estamos todos unidos no sentimento de sermos 100% cabo-verdianos e vivermos num país de amor e solidariedade.
A emissão prossegue. O programa “Voz Solidária” leiloa percentagens simbólicas de historias de miséria, para que, no aconchego dos nossos gabinetes climatizados, nas nossas casas estanques ou mesmo na rua, abrigados nos nossos carros, falando no terceiro telemóvel em dois anos, tenhamos motivos para nos condoer e comprar, publicamente, uma fracção dessa desgraça de não poder e não ter. Mas, logo de seguida, todo o sentimento é varrido, A voz eufórica do locutor, até há momentos sensibilizada, anuncia que “os agricultores estão felizes e prontos para o trabalho, com a magnífica chuva que cai…” e nós, apaziguados, damos graças a Deus. É tempo de Azagua!
Clara Vales
Mindelo, 28.08.01
10.3.07
7.3.07
New York Times, citação do dia
"The truth is what drives our judicial system. If people don't come forward and tell the truth, we have no hope of making the judicial system work." Patrick J. Fitzgerald. Obs: Um agradecimento especial ao primeiro Amante da Rosa pelo envio desta citação de teor universal, logo, extensível às nossas ilhas.
5.3.07
A Incrível Odisseia dos Tags
Sobrevivi à classificação e reclassificação dos posts. São estes os Tags/Marcadores que existem no blog: América, Angola, Boavista, Brasil, Brava, Clara Vales, Creolo, Crónica, Darwin, Descendentes de Caboverdeanos, Divagações, Diálogo, Emigração, Escravatura, Estórias, Expedições, Família, Fogo, Fotografia, Fotografias Antigas, Guiné, História, Ilhéus, Ilustrações Antigas, Ingleses, Judeus, Livros, Maio, Mapas Antigos, Meus Poemas, Mindelo, Minha Ficção, Minhas, Fotografias, Mitos, Morna, New Bedford, Nova Sintra, Palhabote Ernestina, Paula Rego, Poder, Poetas Caboverdeanos, Portfólio, Portugal, Praia, Quadros, Recordações, Ribeira da Barca, Ribeira Grande, Sal, Santiago, Santo Antão, Sweet Daddy Grace, São Nicolau, São Vicente, Telégrafo, TIC's e afins, Vulcão. Aceito sugestões. Os itens como História e Divagações podem vir a ser subdivididos. Até lá... que seja útil.
Subscrever:
Mensagens (Atom)